A dois passos de...

by terça-feira, 28 de julho de 2015 19:42 4 comentários


“Curitiba?”, eu gritava mentalmente enquanto discutíamos nossos planos de mudança. Não que fosse uma cidade ruim, longe disso. Eu apenas não sabia muita coisa de lá. Tentei caçar no cerne de meu intelecto qualquer lembrança a respeito desse local, juntei com as informações adquiridas ao longo dos anos e até apelei para associações psicológicas primárias (vulgo “a primeira coisa que vem a sua mente quando”). O resultado foi: Curitiba = Frio. Curitiba = Gente nos parques fazendo piquenique. Curitiba = Capivaras. Bem, lá se foi meu básico conhecimento sobre o destino. Era verdade que a ideia da cidade tinha sido minha desde o principio. O que não contei é que junto com ela disputavam Goiânia, João Pessoa, Salvador, Campo Grande, São Paulo, Belo Horizonte, São Luiz, Manaus e Brasília. E se me conheço bem como imagino, a decisão final dar-se-ia num jogo de sorte ou no preço da passagem. Não dessa vez.

Depois de quase oito meses me aventurando solitariamente na cidade maravilhosa, uma inusitada proposta de parceria. “Por que não?” foi o óbvio pensamento. Eu precisava de um recomeço, afinal.  E uma amiga seria a peça chave para diminuir, ainda que pouco, a saudade de casa (ou ajudar a choramingar por ela na mesa do bar).

A decisão foi rápida: Iríamos para o sul. Pesquisei sobre o Estado escolhido e descobri que além dos três itens delimitados no início (nada úteis, eu sei), a cidade é incrível: qualidade de vida, transporte público excelente, educação referenciada, pontos turísticos que certamente tomarão boa parte dos meus dias e gente bonita. Este último é de interesse pessoal, confesso.

A animação foi instantânea. Peguei a primeira mala que vi na frente e comecei a me preparar. Quem se importa se hoje é 28 de julho e nossa viagem está marcada para.. 3 de setembro? Não é tanto tempo assim, aliás. Sou apenas precavida. Tomei o cuidado de pesquisar a respeito do clima e quase não me assustei com a média de 16°C que faz durante os dias razoáveis. De acordo com essa informação, fiz uma lista simples das roupas que levaria e categorizei de acordo com a importância: “Para não congelar”, “estou tremendo, mas estou bem” e “está quase calor para usar”. Sem exageros.

Finalmente, depois de tudo abarrotado organizadamente dentro da bolsa, a sensação de medo pediu seu espaço. “O que farei lá? Será que as pessoas vão nos receber bem? Vamos conseguir emprego? Moraremos numa casa bacana? E se tudo der errado?”. Não tenho resposta para nenhuma dessas questões. Não tive essa resposta quando decidi sair de casa há tempos atrás em busca de ‘alguma coisa dentro de mim que fizesse sentido’. E nunca as terei. Respirei fundo, mirei adiante e sorri. Sorri porque não quero respostas e, menos ainda, arrependimentos. Sorri porque não há espaço extra na mala para medos bobos (e odeio carregar o que é desnecessário). Sorri porque em alguns dias entrarei em mais uma nova aventura e, dessa vez, com alguém para dar pé as minhas loucuras. Sorri pela expectativa de me reinventar dia após dia. E, por fim, sorri sem motivo.


Isabella, já podemos ir? 

Autora

Aquariana. Musical. Apaixonada por histórias. Desapegada, viajante de alma em paz. Te levo comigo, se você nunca me prender contigo.

4 comentários:

  1. Caramba, Lia, to besta sobre como a sua narrativa se parece com a minha! (Quando eu costumava escrever haha xD)
    Desejo sorte pra vcs duas! (Beijo pra Isabela!!!)
    Vou adorar ler vc aqui, Lia! Claro que vc escreve mt melhor do que eu! Grande beijo pra vc! (já até favoritei aqui a página, pra sempre lembrar de ler!) <3

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    1. Thalis, muito obrigada, seu lindo!!
      Continue acompanhando nossas aventuras mesmo! :D

      Beijão <3

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  2. Amei o texto, muito bom! Espero que dê tudo certo para você (s) nessa nova fase da sua vida, estarei aqui torcendo e sempre acompanhado seu blog. Te esperando aqui esse mês. Saudades!

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