“Curitiba?”, eu gritava mentalmente enquanto discutíamos
nossos planos de mudança. Não que fosse uma cidade ruim, longe disso. Eu apenas
não sabia muita coisa de lá. Tentei caçar no cerne de meu intelecto qualquer lembrança
a respeito desse local, juntei com as informações adquiridas ao longo dos anos
e até apelei para associações psicológicas primárias (vulgo “a primeira coisa
que vem a sua mente quando”). O resultado foi: Curitiba = Frio. Curitiba = Gente
nos parques fazendo piquenique. Curitiba = Capivaras. Bem, lá se foi meu básico conhecimento sobre o destino. Era
verdade que a ideia da cidade tinha sido minha desde o principio. O que não
contei é que junto com ela disputavam Goiânia, João Pessoa, Salvador, Campo
Grande, São Paulo, Belo Horizonte, São Luiz, Manaus e Brasília. E se me conheço
bem como imagino, a decisão final dar-se-ia num jogo de sorte ou no preço da
passagem. Não dessa vez.
Depois de quase oito meses me aventurando solitariamente na cidade maravilhosa, uma inusitada proposta de parceria. “Por que não?” foi o óbvio pensamento. Eu precisava de um recomeço, afinal. E uma amiga seria a peça chave para diminuir, ainda que pouco, a saudade de casa (ou ajudar a choramingar por ela na mesa do bar).
A decisão foi rápida: Iríamos para o sul. Pesquisei sobre o
Estado escolhido e descobri que além dos três itens delimitados no início (nada
úteis, eu sei), a cidade é incrível: qualidade de vida, transporte público excelente, educação referenciada, pontos turísticos que certamente tomarão boa
parte dos meus dias e gente bonita. Este último é de interesse pessoal,
confesso.
A animação foi instantânea. Peguei a primeira mala que vi na
frente e comecei a me preparar. Quem se importa se hoje é 28 de julho e nossa
viagem está marcada para.. 3 de setembro? Não é tanto tempo assim, aliás. Sou
apenas precavida. Tomei o cuidado de pesquisar a respeito do clima e quase não
me assustei com a média de 16°C que faz durante os dias razoáveis. De acordo
com essa informação, fiz uma lista simples das roupas que levaria e categorizei
de acordo com a importância: “Para não congelar”, “estou tremendo, mas estou
bem” e “está quase calor para usar”. Sem exageros.
Finalmente, depois de tudo abarrotado organizadamente dentro
da bolsa, a sensação de medo pediu seu espaço. “O que farei lá? Será que as
pessoas vão nos receber bem? Vamos conseguir emprego? Moraremos numa casa
bacana? E se tudo der errado?”. Não tenho resposta para nenhuma dessas questões.
Não tive essa resposta quando decidi sair de casa há tempos atrás em busca de ‘alguma
coisa dentro de mim que fizesse sentido’. E nunca as terei. Respirei fundo,
mirei adiante e sorri. Sorri porque não quero respostas e, menos ainda,
arrependimentos. Sorri porque não há espaço extra na mala para medos bobos (e
odeio carregar o que é desnecessário). Sorri porque em alguns dias entrarei em
mais uma nova aventura e, dessa vez, com alguém para dar pé as minhas loucuras.
Sorri pela expectativa de me reinventar dia após dia. E, por fim, sorri sem
motivo.
Isabella, já podemos ir?
Caramba, Lia, to besta sobre como a sua narrativa se parece com a minha! (Quando eu costumava escrever haha xD)
ResponderExcluirDesejo sorte pra vcs duas! (Beijo pra Isabela!!!)
Vou adorar ler vc aqui, Lia! Claro que vc escreve mt melhor do que eu! Grande beijo pra vc! (já até favoritei aqui a página, pra sempre lembrar de ler!) <3
Outro beijo, queridoo! <3 <3
ExcluirThalis, muito obrigada, seu lindo!!
ExcluirContinue acompanhando nossas aventuras mesmo! :D
Beijão <3
Amei o texto, muito bom! Espero que dê tudo certo para você (s) nessa nova fase da sua vida, estarei aqui torcendo e sempre acompanhado seu blog. Te esperando aqui esse mês. Saudades!
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